Natalie Ruiz | Escritora do Lindenlink
Traduzido por Tamara Freitas e Fernanda Mariani
O Brasil é conhecido pelo Samba, Carnaval, mulheres curvilíneas e jogadores de futebol bem sucedidos, tais como Pelé e o fenômeno Ronaldo. Mas semana passada, um número de protestos por direitos civis, mudaram a cara e chamaram a atenção do país pelo mundo.
Com o tema Muda Brasil, as pequenas marchas começaram como uma tentativa de protesto contra o aumento do valor na tarifa de ônibus e a falta de transporte público na maior cidade do país, São Paulo.
Rapidamente, esses protestos se espalharam como um movimento de maiores proporções e em 17 de julho, na cidade do Rio de Janeiro, outros ingredientes como melhorias no sistema educacional, saúde e manutenção de estradas e infraestrutura, foram incorporados à receita.
Outro principal motivo do protesto é a discussão da Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a PEC, na qual a Câmara dos Deputados, por meio da legislação, restringe o Ministério Público a conduzir investigações ligadas a corrupção, deixando o trabalho somente à Polícia Federal e Civil.
Os brasileiros na maioria concordam que mesmo havendo varias passeatas no país, jamais evidenciaram um movimento de tamanha dimensão.
Algumas outras cidades que tiveram manifestações populares foram Belém, Curitiba, e Salvador. Na capital do país, Brasília, protestantes seguiram em direção ao Congresso, no qual tiveram seu telhado como palco da manifestação.
Os protestos continuam em andamento e são classificados como um dos maiores de todos os tempos na história brasileira, desde 1985 com a queda da ditadura militar.
Amanda Inocêncio, estudante de Brasília, disse que brasileiros não se sentem protegidos pela polícia. “Neste momento eles (brasileiros) estão lutando por justiça, contra a violência e a corrupção. Como vocês podem ver em vídeos, quando as pessoas vão às ruas para protestar, a polícia os machuca”.
A repórter brasileira da TV Folha, Giuliana Vallone, levou um tiro no olho com balas de borracha pela polícia, enquanto não participava, mas cobria os protestos.
O reconhecido fotógrafo, Yuri Sardenberg, promoveu uma edição de várias celebridades brasileiras com o olho esquerdo maquiado de preto. O propósito das fotografias era promover a conscientização pela injustiça cometida contra Vallone. Ele publicou as imagens com uma mensagem: dói em todos nós.
Os estudantes brasileiros na Lindenwood, que ficaram no verão em estudo, se dizem dilacerados pelo enorme protesto no Rio, e que não sabem o que esperar no seu retorno ao lar.
Inocêncio permanece confiante de que a situação irá melhorar com os protestos pacíficos e manifestações nas redes sociais.
“Eu não sei exatamente o que eu sinto nessa situação,” ela disse. “Talvez eu me sinta com medo de voltar pra casa. Eu sei que isso é a realidade, e parece estar piorando, mas eu estou feliz que as pessoas finalmente se uniram para protestar. Eu espero que dê certo.”
As manifestações são passivas, pois estão pedindo que a violência acabe. Inocêncio discorda da reação injusta e incompreendida da policia.
“A polícia não sabe como controlar os protestos sem agir de forma violenta. E claro que as pessoas estão se ferindo sem motivo, porque eles não estão atacando ninguém. A forma como a polícia vem agindo os deixa ainda mais nervosos,” disse a aluna de Brasília.
Outra preocupação das pessoas no Brasil, e dos Brasileiros em outros países como os Estados Unidos, é de que o Brasil está investindo o triplo do valor já gasto por outros países que sediaram a Copa do Mundo. O país de terceiro mundo já gastou o equivalente a R$ 30 bilhões em construções de estádios e nos preparativos do evento. Os brasileiros estão preocupados com os altos custos de vida, e como o alto valor de manutenção será depois da Copa do Mundo.
Inocêncio se mostra descrente nesse quesito. “O governo tem roubado muito dinheiro. Tudo que é preciso ser construído em uma cidade, eles gastam mais. Na realidade, eles realmente não usaram todo o valor na construção das coisas,” ela disse.
Manifestantes se escondem na reconhecida fala do filme “V de Vingança”, no qual o protagonista diz: “As pessoas não devem temer seus governantes, os governantes é que devem temer as pessoas.”
O ex-aluno da Lindenwood de Belo Horizonte, Thiago Barreira, planeja participar dos protestos e ajudar a manifestação a ter objetivos definidos e criarem um nome.
“O movimento é ainda muito impreciso,” ele disse. “Quando encontrarmos um objetivo em comum, nós precisaremos nos ater a ele e dar um nome a revolução.”
Alguns brasileiros acreditam que muitos dos manifestantes, grande parte jovens, são representantes sem um objetivo concreto. Barreira concorda. “Eu ainda não participei porque o movimento se assemelha a uma ‘festa’. Os alunos só querem matar aula,” disse ele.
Barreira explicou como a aprovação da lei emergente também tem criado uma incrível diferença no crescimento da economia no Brasil com baixa inflação. Essa lei permite que empresas privadas com parcerias com o governo ergam uma infraestrutura rápida, se aproveitando de direitos de não revelar extratos de suas contas.
“Vamos imaginar que você tenha uma empresa de gramado, e que você vá fornecer grama para o campo de futebol. O valor em media é dado em libras, £12. Eu pagarei a você $60, e nós dividiremos o lucro. É por isso que as despesas são tão altas,” ele disse.
Barreira não tem certeza se a reação ao governo pode ser chamada de democracia.
“(Oficiais do governo) estão respondendo as questões e agindo de forma agradável,” disse ele. “Nos também não sabemos quem começou o movimento. Talvez um político esteja por trás disso. Nesse caso, nos concluímos que a democracia seria na verdade, manipulada, assim, não é democracia.”
“Eu aposto que a maioria de meus amigos vão responder de forma sentimental e por instinto. Pouco raciocínio será feito.” Disse Barreira.
Manifestação de 4k em São Paulo
Fotografia por | Giovanna Bartho
A estudante da Lindenwood, Giovanna Bartho de São Paulo, participou dos quatro quilômetros de protesto em sua cidade, que teve o percurso iniciado na Praça da Sé até a Avenida Paulista em 17 de Junho de 2013.
Tamara Freitas, ex-aluna da Lindenwood, participou do que talvez tenha sido o maior protesto no país em 20 de Junho. Cerca de 10 mil pessoas deixaram o conforto de suas casas e se juntaram ao manifesto no centro da cidade. Tâmara fez uma contribuição como correspondente internacional e descreveu o evento como esclarecedor e capacitado.
Freitas disse, “fazendo a cobertura do evento, eu senti a raiva, e a angústia que saia dos olhos das pessoas. Muitas bandeiras do Brasil eram seguradas por crianças e idosos, cantando musicas patrióticas em uma passeata por quem acredita na mudança.” Tâmara nomeou como o protesto para o povo, feito pelo o povo.
“Eu estou aqui protestando contra os altos custos das tarifas e taxas, o alto custo de vida e contra a PEC,” disse a estudante dos 21 anos, Jessica Ribeiro “Isso afeta a todos que dependem do transporte público.”
Franca, Estado de São Paulo
Fotografia por | Tamara Freitas
Estudantes e professores se juntaram no ato. “Eu estou aqui para ver as pessoas fora das salas de aula, e eu estou protestando contra a corrupção,” disse o professor de 45 anos, Baltazar Gonçalves.
Os protestos que tiveram iniciam com um propósito pacífico, cresceram e tomaram o lado da violência. Ate a ultima sexta-feira, 21 de Junho, três pessoas haviam morrido e a lista de pessoas feridas continuava crescendo.
“Nós não acreditamos mais que política estabelecida vai fazer as pessoas se sentirem frágeis e desprotegidas,” disse Freitas. “O pais acordo e o poder não esta na mao de quem o governar.”
A Federação Internacional de Futebol Associado, FIFA, exigiu que os país tomassem conta das manisfestações, ou os país não seria mais uma opção para sediar a Copa do Mundo.
No que diz respeito ao aumento da tarifa de ônibus e a PEC 37, o povo foi escutado.

Fotografia por Natalie Ruiz
Um grupo de Brasileiros da Washington University em St. Louis queria demonstrar apoio ao seu país mesmo a 4 mil milhas de distancia.
Eles criaram um grupo no Facebook “Mandando solidariedade aos nossos amigos Brasileiros” e organizaram um protesto pacífico no Jefferson National Park na tarde de sábado.
Amanda Araújo da Silva, e estudante Brasileira da Washington University, uma das lideres explicou o propósito do grupo. Araujo disse, “Para mostrar aos nossos amigos Americanos a atual situação do nosso país e para mostrar ao nosso povo que esta indo as ruas no Brasil, e protestando contra a corrupção, que eles não estão sozinhos.”
Mesmo que a tempestade de sábado tenha adiado o evento, cerca de 27 Brasileiros – incluindo estudantes Brasileiros da Lindenwood – participaram do evento.
O evento não foi o sucesso que o grupo imaginava, eles dizem. Porém, o grupo ja planejou conseguir uma nova permissão em voltar no fim dessa semana para um novo protesto.
“Nós temos a esperança de reunir mais pessoas, mostrar com os cartazes a realidade do país que irá sediar a Copa do Mundo!” disse Silva. “Eu espero que a gente consiga melhores resultados da próxima vez, mas eu também estou feliz com o que fizemos mesmo com as condições de ontem.”